Stories.

as pseudo-escritoras

Duas raparigas que , ligadas por uma profunda amizade e por uma enorme paixão pela escrita, decidiram, involuntariamente, numa monótona e triste noite, escrever algo diferente, algo que as viciou. Algo que dura até hoje. Ana Campos & Nicole Morais (L)

domingo, 29 de janeiro de 2012

Capítulo VI (Parte III)

À medida que a água corria por aqueles dois corpos, unidos por tanto amor, pensamentos mais do que atrevidos giravam pelas suas mentes. Era impossível não ser assim. Parecia que quanto mais perto estavam um do outro, mais perto queriam estar. Naquele momento, não havia espaço para incertezas, ou qualquer tipo de dúvidas. Estavam ambos preenchidos por um desejo incontrolável, onde só havia uma forma de o parar. E foi precisamente nisso que pensaram. Numa voz bastante ofegante, Nicole diz coisas inimagináveis, coisas que deixam Gustavo a desejar por mais. No entanto, não quis ficar por ali, mas nem sabia por onde começar, ou como começar. Apesar de o desejar tanto, não conseguia controlar a vergonha de dizer aquilo que realmente queria.
Cada palavra dita por Nicole, fazia Gustavo estremecer de tanto rir. Esta dizia palavras quentes, cheias de desejo, mas, ao mesmo tempo, ainda meio tímidas. Gustavo dava por si a pensar que não conseguia ser tão cúmplice de alguém como era de Nicole. Que tudo o que eles viviam era único, e que não podia existir mais nada que rompesse com o que eles já tinham construído juntos. Cedia a cada provocação de Nicole, até que lhe diz, envergonhado:
- Já chega, ou então, nem o banho nos escapa.
Nicole soltou uma gargalhada, simplesmente por perceber que o jogo que estava a fazer resultava. Mas achou que isso não chegava para satisfazer o seu desejo, então, com toda a convicção, dirige-se a Gustavo com um beijo suave e diz:
- Meu amor, não é o banho que quero.
Gustavo, já tendo percebido isso há muito tempo, resolveu assumir o controlo:
- Isso sei isso, minha querida! - E, com um sorriso maroto, agarra em Nicole e, em passos leves mas ágeis, leva-a para o quarto, posa-a na cama e enche-lhe o pescoço de beijos certeiros, que arrepiam a pele de Nicole e a fazem fechar os olhos e desejar por mais.
N: Odeio que já saibas os meus pontos fracos - diz Nicole, com um sorriso na cara. Enquanto isso, vai acariciando-o ao longo da face, passando pelo cabelo. Mas deixa que não vou ser a única a sofrer. - Ao dizê-lo, rebola, ficando ela por cima. Beija-o ao longo do corpo e vai provocando reações.
G: Se quiseres, digo-te os meus pontos fracos todos - diz Gustavo, numa voz quente e de rendição. Ele sabia o que estava prestes a acontecer. E sentia-se como se fosse, de novo, a sua primeira vez. Aquela mulher tinha uma efeito tão misterioso sobre ele! E a manhã passou e, quando deu por si, Gustavo tinha Nicole deitada no seu peito, com os olhos fechados, respirando depressa mas parecendo q suspirava. E nunca se sentira tão bem. Brincava com uma madeixa de cabelo de Nicole enquanto a respiração dela lhe fustigava o pescoço. Começou, depois, a acariciar a pele quente dela; os seus dedos baloiçavam para cima e para baixo no braço de Nicole. E ele sorria, como se nunca a tivesse sequer visto. De repente, os olhos dela abriram-se, devagarinho, e cruzaram-se com os dele. Ambos sorriram e Gustavo, naquela sua voz doce, perguntou-lhe:
- Estás bem, minha querida?
A única coisa que Nicole pensou quando acordou, foi como lhe soube tão bem abrir os olhos e a primeira pessoa a ver ser Gustavo. Era uma sensação maravilhosa, e Nicole queria aproveitá-la ao máximo. Depois da pergunta de Gustavo, Nicole foi-se ajeitando para junto dele e, com um sorriso ainda meio sonolento, respondeu:
- Estou maravilhosamente bem! E tu, meu amor?
G: Estou óptimo! Ver-te dormir é uma coisa maravilhosa - solta uma das suas risadinhas! Podias ter dormido mais um pouco, ainda é cedo.
N: Ainda é cedo? Que horas são? Já viste os nossos preparos? - Nicole fala tão apressadamente como se tivesse alguém à sua espera. Pega num lençol, enrolando-se nele, e espreita para fora da janela. Para além de uma vista maravilhosa, Nicole também reparou que estava já o sol lá no cimo, e que havia muita movimentação na rua. Era por volta das 15 horas. Lá fora era cedo, mas dentro daquela casa, o tempo parecia passar a correr, de tão bem que era aproveitado. Nicole, por fim, acalmou, e estava enroscada num abraço com Gustavo.
Depois de a acalmar e de a envolver no seu abraço, Gustavo tentou perceber o porquê daquela agitação:
- Que se passa? Tens planos? Tens alguém à tua espera? - E ficou quase que preparado para se levantar a qualquer momento.
N: Não, meu amor, não tenho nada. Desculpa. Ai, que parva, meu Deus. Desculpa-me. - e dá-lhe miminhos em estilo de arrependimento.
G: Então porquê toda aquela agitação? - Gustavo olhava-a, agora, nos olhos, com um ar aberto, pronto para ouvir qualquer coisa vinda dela)
N: Não sei, pensei que tivesse adormecido a tarde inteira e que já estivesse de noite. – diz, com os olhos arregalados de espanto.
G: Não, não é de noite. - disse Gustavo com um sorriso de alívio nos lábios. E, se não tens planos, podes voltar para o pé de mim; ainda é cedo, não te preocupes com o tempo. Estás bem? - O seu tom era agora sério.
Chegando-se para perto de Gustavo, Nicole reclama em tom de brincadeira:
- E se eu me quiser preocupar com o tempo, hum? Não me podes fazer de tua prisioneira, meu amor… - E, sussurrando-lhe ao ouvido, rende-se em apenas cinco palavras -  apesar de gostar da ideia.
Gustavo ri.
- Meu amor, mas tens de te decidir: ou és minha prisioneira ou te preocupas com o tempo. Ambas as coisas é que não pode ser. - ri de novo e lança-lhe um olhar de desafio. Vá, escolhe.
N: Mas agora fazes-me escolher coisas que nem sequer são indiscutíveis? - Olha-lhe Nicole, com um ar de quem está a perceber o jogo.
G: A vida é feita de escolhas. Se quiseres - volta novamente o seu tom malicioso -, posso pegar na minha roupa, vestir-me e pegar no carro enquanto tu ficas a preocupar-te com o tempo. Como já tenho dito, estou às tuas ordens - e pisca-lhe o olho, com um ar sedutor, de quem sabe dominar o jogo.
N: Não, eu não quero que pegues nas tuas coisas para ires embora, quanto mais que seja para as trazeres todas para cá. - Revela, Nicole, cheia de timidez pelo meio.
Gustavo olha para ela, com os olhos muito abertos e fixos; não estava nada à espera que o jogo tomasse aquele rumo. Aí, o seu tom malicioso transforma-se em espanto. Contudo, ao ver a expressão de Nicole, diz, num tom pacífico, sereno: repete lá isso…
Nicole reparou que, a avaliar pela expressão de Gustavo, aquilo que dissera fora bastante perturbador. No entanto, não ia dizer para ele não ligar. E então, respirando bem fundo, e a pensar que palavras podia utilizar, Nicole acaba então por dizer:
- Sim, foi o que ouviste. Na verdade, é quase como se cá estivesses sempre. Ou eu na tua casa. Passamos os dias juntos, seja onde for. E acho que não é por juntarmos as escovas de dentes que as coisas se complicam. - diz Nicole, já a morder o lábio em tentativa de se calar.
Aquelas palavras foram mais mortíferas do que Gustavo alguma vez imaginara. Era óbvio que ele concordava com ela, mas fora apanhado totalmente desprevenido. Não sabia que dizer, não sabia como reagir; não a queria magoar, não queria que tudo aquilo terminasse. No entanto, não deixou a surpresa e a confusão perturbarem a sua aparente calma e disse:
- Nicole, eu amo-te, mas não me podes pedir que largue tudo aquilo que me fartei de lutar para obter. Nem eu te pediria para largares a tua independência, a tua casa, isto tudo, somente por uma coisa provavelmente dita no calor do momento... - Aquando isto, já ele estava a abotoar os botões da camisa, depois de ter vestido as calças e calçado as botas. Não sei que te dizer, não sei… - o seu tom era, agora, de desânimo.
N: Ok, ok, calma! Não precisas de ir - Diz Nicole super aflita! Não queria nada que aquela confissão calhasse em discussões ou que, até mesmo, fizesse aquilo que eles tinham terminar. Se não te agrada, tudo bem. Eu só dei a ideia. Não precisas de aceitar se não queres. Aliás, eu compreendo a tua reacção. Tentando desculpar-se o máximo que pode.
Por mais que gostasse da ideia, Gustavo sentia um medo enorme do que aquele passo poderia significar. Mas, ao ver o desespero estampado no rosto de Nicole, apressa-se para ela, em passos firmes, agarra-a, sussurra-lhe um “Eu Amo-te” ao ouvido e beija-a. E, por mais difícil que fosse, para ele, largá-la, Gustavo sabia que, depois da reacção errada que teve, era o momento de ir embora.

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