Stories.

as pseudo-escritoras

Duas raparigas que , ligadas por uma profunda amizade e por uma enorme paixão pela escrita, decidiram, involuntariamente, numa monótona e triste noite, escrever algo diferente, algo que as viciou. Algo que dura até hoje. Ana Campos & Nicole Morais (L)

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Capítulo VI (Parte I)

Gustavo acordou com a luz do sol a bater-lhe na cara. Ainda era cedo para ir para a faculdade; foi tomar banho, vestiu-se e, depois de muito pensar, resolveu ligar à Nicole. Marcou o número, aquele que jazia no seu peito (literalmente), e ficou a ouvir os "bip's" e esperou, na ânsia de ouvir a voz dela.
Era tão cedo... quem é que já estava a ligar para Nicole àquela hora da manhã? Teve vontade de nem sequer atender, mas como o som não parava, e já estava a irritar-lhe os ouvidos, decidiu atender. Meteu o telemóvel ao ouvido, e numa voz meio "embaciada" de tão sonolenta que estava, disse:
- Estou?
G: Estou? Ah... Olá. Sou eu, o Gustavo. Desculpa ter-te acordado a esta hora... – a voz saiu-lhe sincera mas tremida, dos nervos.
N: Ah, és tu. Diz, diz, não tem mal. – Nicole ficou tão surpreendida com aquela chamada, que de tão contente que estava, levantou-se a correr da cama, e falou então com ele. - Já estava acordada.
G: Estavas? A tua voz diz-me o contrário – e soltou uma risadinha. - Bem… fiquei a pensar na noite de ontem… - fez uma pausa e respirou fundo - Só queria pedir-te desculpa; não agi nada bem... Não sei que me deu.
N: Na verdade, não sei porque ficaste assim. Ou melhor, até sei. Eu queria entrar em brincadeira contigo, acerca daquela coisa de vir para casa... mas parece que não devia tê-lo feito. Desculpa eu!
G: Eu sei, mas... não sei o que me deu. Desculpa, minha querida, a sério… Sinto-me um completo idiota! - a sua voz estava enraivecida. - Desculpa. Eu não te quero perder... - sussurrou por fim.
N: Oh, não sejas assim. Não tens culpa de literalmente nada, descansa. Nem precisas de te insultar. Olha, fazemos assim, queres encontrar-te comigo hoje, ou... tens uma coisa para acabar? - e riu-se, em tom de brincadeira.
G: Não, não tenho nada para acabar - e sorriu, como se ela o estivesse a ver. - Encontro-te a que horas?
N: Por mim, já! – brincou.
Gustavo riu-se. - Não tens aulas? Ou um emprego ao qual não podes faltar?
N: Hum... Tenho? Não me lembro de nada. Tu sabes de alguma coisa? Sim, tenho aulas hoje, mas não faz mal faltar um dia, pois não?
G: Não sei de nada - e assobiou uma melodia qualquer. - Então vou ter contigo agora, pode ser?
N: Pois. Se tu não sabes, eu também não! Pode sim, ainda te lembras do caminho?
G: Sim, sei. Decorei-o mecanicamente, ahah. Até já, um beijo - e a malícia regressou à sua voz. Desligou.
N: Ahah, ainda bem, poupas-me trabalho - riu-se. Até já, vem rápido. Beijo.
O caminho pareceu-lhe muito mais curto do que na noite anterior. Ao chegar, apercebeu-se que nunca soubera o andar. Riu-se. Pegou no telemóvel e ligou-lhe:
- Estou? Olha, esqueceste-te de me dizer o essencial: o teu andar. És uma tonta, sabias? - a sua voz estava doce como mel.
N: Ahah, que grande falha... a tua! Tens a certeza que a tosca sou eu?! - ao mesmo tempo que estava a dizer-lhe isto, já estava a descer as escadas do prédio para ir buscá-lo. Achou mais bonito... e assim ele depois que descobrisse por si próprio. – Desliga.
"Desliga"?, pensou ele. Olhou em frente e viu-a à porta do prédio, encostada à porta de braços cruzados, a olhar para ele com aquele olhar de provocação. Olhou para baixo, sorriu, trancou o carro e seguiu na direcção dela. Olá!
N: Olá meu doce - e tenta iniciar um beijo cheio de pedidos de desculpa pelo sucedido na noite anterior.
G: O beijo soube a pouco e, quando deu por si, Gustavo já se encontrava a fechar a porta de casa dela. Seguiu-a até à cozinha. - Tens aqui uma casa digna de uma princesa, sabias
N: Digna de princesa? A que propósito dizes isso? - Convida-o a sentar-se, enquanto leva um prato com umas tostas para a mesa. Já tomaste o pequeno almoço?
Ele voltou a olhar em volta.
G: Porque está toda arrumadinha, toda bonitinha... sim senhora. Não, ainda não. Vim a correr - e sorri doce e inocentemente, enquanto a olha nos olhos.
N: Oh, sabes como são as mulheres, sempre com aquelas coisas da arrumação. Mas digo-te já que também gostei da tua casa, não és nada como os rapazes de hoje em dia. Muito menos com a mesma idade que tu, que nem se preocupam em arrumar. A correr? Porquê? - pergunta, envergonhada.
G: Isso é porque vivo sozinho há algum tempo... - faz uma pausa e hesita. Mas ainda bem que gostaste - e pisca-lhe o olho. -Porquê, perguntas-me tu? Porque tinha algo de importante para fazer - e assobia, como se não fosse nada a ver com ela.
N: Ah, então habituaste-te a arrumar. Acho bem, acho bem. Sempre fica mais bonito quando está tudo arrumado, não é? - e dá-lhe um pedaço de pão à boca. Sabes que acho que esse "algo de importante para fazer", não sei porquê, faz-me crer que tem alguma coisa a ver com a tua vinda cá a casa tão cedinho. Engano-me?

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