Stories.

as pseudo-escritoras

Duas raparigas que , ligadas por uma profunda amizade e por uma enorme paixão pela escrita, decidiram, involuntariamente, numa monótona e triste noite, escrever algo diferente, algo que as viciou. Algo que dura até hoje. Ana Campos & Nicole Morais (L)

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Capítulo V

Já tinha visto o nascer do sol na companhia de Gustavo; agora... assistiu ao pôr-do-sol com ele. Os pensamentos que por aquela cabeça passavam, só demonstravam a vontade de estar com ele, e ter o sabor de uma aventura, de novas experiências. Ela pensava isto, porque sabia perfeitamente que o podia fazer com Gustavo.
A noite já ia a meio e, naquela praia deserta que Gustavo escolhera tão bem, só havia eles dois, a amarem-se um ao outro, a trocarem carícias e actos de amor. O tempo era pouco, é verdade, mas não foi isso que os impediu de aproveitar os momentos. Aliás, isso só lhes deu força para continuar, e agarrarem aquela vontade doida de estarem juntos.
Nicole estava deitada na areia, por entre as pernas de Gustavo. Estavam ambos a contemplar as estrelas, ao mesmo tempo que conversavam. As palavras corriam como ar; temas infinitos, fizeram com que eles se conseguissem conhecer melhor.)
N: Baby, vai um mergulho?
G: Aquela pergunta fê-lo parar. Óbvio que queria! Ou melhor, desejava-o. Levantou-se da areia já fria, pôs-se em frente a ela, esticou-lhe a mão e disse, com aquela voz grave, repleta de malícia: - Isso nem se pergunta! Vamos, minha querida, vamos! - despiu a camisola e correu em direcção ao mar, na esperança que ela fizesse o mesmo. Só se via a luz do luar a reflectir no mar, tão calmo, tão belo. Pensou que nada poderia estar mais perfeito. E foi aí que tremeu, ao sentir o toque da mão dela no seu ombro.
N: Espera, espera. Deve estar gelada... De certeza que queres ir? - a ideia, era fazer daquilo mais do que um mergulho à noite... só não sabia como o fazer.
G: É claro que quero ir! E sim, deve estar gelada - finge bater os dentes e, no fim, ri-se. – Mas, se quiseres, levo-te ao colo e ficas bem perto de mim... Para não sentires tanto frio, claro! - por momentos, sentiu-se demasiado garanhão. E não era isso que queria que ela pensasse. Por isso, achou melhor usar um eufemismo para disfarçar a sua verdadeira intenção.
N: Bem, se a tua ideia é levares-me ao colo, por achares que me aqueces... Vamos lá experimentar isso - Ao acabar de falar, agarra a mão dele, e corre para dentro de água. Agora vá, faz o teu trabalho, óh senhor espertalhão, ahahahah! - a vontade de se rir foi imensa. E assim que se riu de uma forma tão sentida, percebeu que isso só era possível com ele.
G: Gustavo ficou surpreendido com a atitude tão espontânea dela. Mas seguiu-a, claro. - Então vamos lá, menina! - Já dentro de água, pegou nela ao colo e esperou que ela entrelaçasse as suas pernas na cintura dele. E assim ficaram os dois, abraçados, dentro de água, a tremer de frio, até os seus lábios se unirem. Nesse momento, nem a noite, nem a água, nem o frio importaram.
N: Hum, - fez Nicole, como que para parar aquele beijo. Não foi por não gostar, obviamente, mas porque preferia que estivessem assim, na areia, em casa, ou noutro sítio minimamente mais quente. - espera. Tenho tanto frio - ao mesmo tempo que disse isto, mordiscou a orelha de Gustavo, como que a provocá-lo.
G: Queres que te tire daqui, é? - diz ele, beijando o pescoço dela. Eu faço. - Saíram os dois da água, pegaram nas roupas e foram até ao carro, onde se secaram. Do nada, Gustavo agarra o queixo de Nicole e dá-lhe um beijo suave: - Desculpa, não consegui evitar...
N: Nicole deixa-se ser beijada e, de seguida, também não "conseguiu evitar" e beijou-o também. Em tom de brincadeira, disse: - Desculpa, também não consegui evitar, ahah.
G: Gustavo riu-se; a menina tímida que conhecera dera lugar a uma outra mulher, muito mais segura de si mesma. E isso agradava-lhe. Deu a volta e instalou-se no lugar do condutor, enquanto ela se dirigiu ao do passageiro. - Muito bem, madame, onde quer que a leve agora? Estou às suas ordens! - disse, em tom de brincadeira, mas o seu olhar denunciava que aquilo era verdadeiro.
N: Uhh, madame, que coisa chique, ahah! Hum... Estava a pensar, e... Ainda não conheceste a minha casa...
G: É francês, como o teu nome - e piscou-lhe o olho. Hum… Pois não... Queres que te leve a casa? - ele sabia que não, só queria que ela fosse mais clara. Jogava sempre esse jogo com ela. E gostava de o fazer.
N: Uau, não me digas? Nem sequer sabia... Ahah, és mesmo parvinho. Sim, quero... - Nicole pretendeu entrar nesse jogo. O objectivo era fazer parecer que não queria estar com ele para que, assim que ele a entregasse a casa, pudesse levá-lo, divertirem-se, namorarem (...). "será que ele ia ficar chateado se me ouvisse dizer que quero ir para casa, mesmo sem saber o que eu quero fazer?", pensou ela. mas mesmo assim, deixou-se estar.
G: Sou o que quiser, madame - e voltou a rir. Ah… Ok, eu levo-te lá... Só tens de me ensinar o caminho… - Uau, a resposta dela surpreendeu-o: "será que ela percebeu ou quer mesmo ir para casa?", pensou. Ligou o carro e ficou, em silêncio, à espera que ela lhe indicasse o caminho.
N: Ainda bem, meu querido. Claro. Tens de seguir sempre em frente, depois é à esquerda (...) - no fim de explicar o caminho, percebeu que ele tinha ficado abalado com a escolha dela. "Tempo, passa depressa, por favor!", era só o que ela pensava.
G: Ok. Se eu me enganar, avisa-me. - Gustavo sabia que tinha memorizado todas as instruções dela, mas quis dizer aquilo. Guiou em silêncio; ficou com vontade de estar sozinho e de pensar no porquê daquilo estar a acontecer.
N: Claro que aviso, não te deixava ir para um sítio que nem eu conhecia... Bem, podia ser engraçado! - tentou ela brincar, para que o tempo passasse.
G: Sim, era capaz de ser engraçado... – disse Gustavo, numa voz despida de entusiasmo. Mas não hoje. As palavras soaram-lhe mais fortes do que queria. Mas disse o que sentia. Levo-te a casa e depois também vou para a minha; tenho uma coisa para acabar. - Nunca fora bom a mentir. Mas não podia dizer que lhe apetecia estar sozinho, a observar as luzes da Lisboa nocturna. Queria o silêncio. "só espero não parecer muito duro...", pensou. E suspirou...

N: Ai sim? Pensei que estavas por minhas ordens... Mas tudo bem, tu é que sabes. - "estava ele assim tão magoado com a minha resposta?", "se calhar, é melhor parar e dizer a verdade!", "não, deixa estar...". Nicole só tinha medo que aquilo acabasse mal.
G: Pois... É aqui à esquerda não é? - antes de obter uma resposta, já tinha virado. Qual é o teu prédio? - disse, sem olhar nos olhos dela.
N: Sim, é. É aquele ali de lado - apontando para a direita. Mal tinha falado, já estava ele a virar, e a estacionar.
G: Ok, estás entregue, parece-me… - disse Gustavo, com um olhar triste. Aquilo não lhe parecia nada bem. Mas começar a duvidar, de novo, daquela relação. Ou melhor, daquele tipo de relação; ele não sabia o que ela queria; sentira-se mal por não conseguir distinguir a verdade e a mentira naquela resposta que ela lhe dera.
N: Sim, parece que estou. Não queres subir um pouco? - pergunta-lhe com uma voz baixa, mostrando que estava triste. Não queria aquilo para aquela noite, estava a estragar tudo por causa de uma brincadeira estúpida. Mas achava que já não se podia redimir... Podia ser que ele a desculpasse mais tarde.
G: "QUEROOO!" - pensou. - Não, deixa estar. Também já é tarde. Talvez amanhã - e piscou-lhe o olho, numa tentativa de não parecer tão rude, mas até isso lhe pareceu falso.
N: Está bem... Desculpa se fiz alguma coisa para te deixar assim, pareces tão triste. - E deu-lhe um beijo na face, em modo de despedida. Já nada podia fazer para se remediar, e isso deixou-a desfeita...
G: Está tudo bem. "Que grande mentiroso que sou. Deus ainda há-de me castigar!" - pensou. Deu-lhe um beijo na testa e desejou abraçá-la. Ao invés, pôs o motor a trabalhar e seguiu pela estrada fora. Chegou a casa, enfiou-se na banheira e só pensava no estúpido que era; deitou-se na cama, ficou virado para a grande janela do quarto com vista para o rio e adormeceu a pensar no q poderia fazer para se redimir no dia seguinte.

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