Stories.

as pseudo-escritoras

Duas raparigas que , ligadas por uma profunda amizade e por uma enorme paixão pela escrita, decidiram, involuntariamente, numa monótona e triste noite, escrever algo diferente, algo que as viciou. Algo que dura até hoje. Ana Campos & Nicole Morais (L)

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Capítulo IV (Parte II)

A voz de Nicole trouxe-o de novo à realidade:
G: Ah.. Já chegaste? Olá! – olha para o relógio e diz: - não, chegaste na hora certa. Queres ir beber um café aqui ou preferes entrar?
N: Ficamos primeiro por beber aqui um café, e depois vamos a outro lado. A tua sorte é eu não ter carta, senão... 
Gustavo sai do carro, ao mesmo tempo que mete os seus óculos de sol, e tranca-o. – Como queiras. "Senão..." o quê? Ahah, agora fiquei curioso. – Diz-lhe com um ar malicioso, e assim fica, fixando-a enquanto a acompanha a entrar no café, a escolher a mesa e a fazer o pedido, quase como que mecanicamente.
N: Senão, de certeza que não estávamos aqui. Por mim, passava o resto do dia na praia, contigo. Mar, sol, areia... Hum, que saudades! – Esta era uma forma que Nicole arranjara, para ver se Gustavo fazia algum pedido que lhe agradasse. Obviamente que não se importava de ir beber café com ele, mas ela queria mais que isso. Queria, principalmente, conhecê-lo melhor pois, o que sabiam um do outro, ainda não era o suficiente. Além disso, a curiosidade dela alcançava níveis elevados, sempre que estava perto dele.
G: Hum, estás a tentar fazer com que te leve à praia? - disse, entre risadas, e enquanto bebia o seu café num só gole.
N: Hum... Não sei. Queres?
G: Hoje já te disse que te levo onde quiseres? Se não disse, estou a dizê-lo agora - e pisca-lhe o olho. Retira umas moedas da carteira, coloca-as em cima da mesa e pega na mão dela, dirigindo-a para o carro. Por isso, vamos - abre a porta a Nicole, entra seguidamente a ela e põe o carro a trabalhar.
N: Por acaso, não. Disseste que hoje o encontro era por minha conta. – Com isto, Nicole solta um riso bastante sentido! Sabia que era ela que tinha de o "comandar" mas, mesmo assim, deixou-se ser guiada por ele.
G: Sim, e tu deste-me a entender que querias ir à praia. E eu vou levar-te lá. Quero ver um sorriso de criança nessa tua carinha, e quero ter um tempinho só nosso, para te conhecer melhor. – Também ele estava a ser sincero; queria saber tudo dela. Mas aviso-te que não gosto de praias empestadas de gente. – Riu-se, levando uma mão ao cabelo, ajeitando-o num gesto infantil.
N: Oh, tu e a tua simpatia sempre presente, meu querido! Então vamos lá escolher uma boa praia. Hum... - pôs-se ela a pensar - Sabes uma coisa?
G: Hum, acho que não - e deu uma risadinha de provocação. – Mas aposto que me vais dizer, não é? Vá, diz.
N: Oh, claro que te vou dizer. És mesmo tosco! (...) Tu és realmente lindo! Considera um elogio, hum – E neste momento, envergonhou-se de tal maneira, que virou de imediato a cara para a janela do carro.
G: Primeiro chamas-me tosco e depois elogias-me? E sou lindo porquê? Por causa dos óculos, só pode! - volta a piscar-lhe o olho, em sinal de brincadeira. E reparou na reacção dela. Olha, eu estou deste lado, não desse. – assim que se ri, continua- E não é preciso ficares assim! Olha para mim. És linda.
N: Claro, é a forma que arranjo para não ficares chateado comigo. Não, até mesmo sem óculos és bonito; e olha que eu tenho razões para o dizer. Unf, muito engraçado. Eu sei que estás deste lado, não do da janela, baby. Linda? Estás trocado! - e ri-se, em tom de brincadeira.
G: Era incapaz de ficar chateado contigo, minha querida! E quais são essas razões, hein? – Gustavo estava deveras curioso! Então, olha para mim. E sim, és linda! Ou não acreditas em mim? - diz em tom magoado, mas na brincadeira; queria testá-la.
N: Hum... Achas que estava uma noite contigo, e nem sequer reparava (verdadeiramente) em ti? És tão... Aii. - aquela última palavra, soou a suspiro, e decerto que o era! Eu acredito em ti, mas não acredito que sou linda, só isso. – Nicole sabia que linda não era, e nem queria entrar por esse caminho...
G: Podias não reparar, estava escuro – É que nem Gustavo acreditou no que disse; sentiu uma enorme vontade de rir. Só queria ver as reacções dela. Mas completa lá isso: sou tão… - continuava a querer ouvir as coisas da boca dela. És linda sim, ou "achas que estava uma noite contigo, e nem sequer reparava (verdadeiramente) em ti?" - sentiu-se a provocá-la e, na tentativa de fugir ao olhar meio irado dela, olhou para a janela e só aí reparou: Olha o pôr-do-sol, tão lindo! - o céu estava laranja, parecia que ardia. Ficou embasbacado com aquela beleza natural; era quase tão fascinante como a beleza que tinha ao seu lado, enquanto conduzia em direcção à praia deserta que tão bem conhecia.
N: Hum... Dizes que podia não reparar, hum? Pois, se é assim que pensas... – “óbvio que não! Nicole, a tua cabeça, onde está?!”, pensava Nicole. Oh, isso não valor – e sorri. Eu acho-te lindo, sim. Mas nem tentes discutir comigo a minha beleza. Olha um rapaz tão lindo que eu tenho ao lado. As miúdas mais novas devem derreter-se contigo em três tempos. – Nicole pôs-se a pensar no que tinha acabado de dizer. Porque é que o dizia? Para o chatear? - "grrr", pensou ela. Logo de seguida, para garantir que não fazia asneira, disse: Desculpa, não ligues ao que disse.
G: Ahah, és tonta... – Gustavo nem sabia bem o que lhe responder; ele sabia que não era verdade o que ela dizia. Via no seu rosto que ela estava nervosa... Ni, tu és linda e, neste momento, não me interessam muito as outras raparigas - pisca-lhe o olho, numa tentativa de a descontrair. Chegámos à praia.
Saíram ambos do carro, em direcção ao areal e ao som das ondas. Ele põe o braço à volta dos ombros dela e beija-lhe a testa. Naquele momento, o ardente pôr-do-sol foi a única testemunha do inicio daquele amor.

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