Stories.

as pseudo-escritoras

Duas raparigas que , ligadas por uma profunda amizade e por uma enorme paixão pela escrita, decidiram, involuntariamente, numa monótona e triste noite, escrever algo diferente, algo que as viciou. Algo que dura até hoje. Ana Campos & Nicole Morais (L)

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Capítulo IV (Parte I)

N: Estou? – Pergunta Nicole, assim que atende o telemóvel. Já estava no trabalho, por muito que lhe tenha custado sair daquele ninho. Assim que se apercebe que é a voz doce de Gustavo, entrelaçasse nela própria, parecendo uma autêntica criança quando lhe dão o brinquedo que ela mais queria!
G: Olá! Ia entrar no banho e, antes que o teu número desaparecesse do meu peito, resolvi ligar-te…
N: Ahahahah! - ri-se Nicole, sem saber o que dizer... Bem, sem querer adiantar muito a minha faceta nada envergonhada... Ligaste mesmo para não perder o meu número, ou...? – deixa o suspense aparecer.
G: Hum… vá, admito que não foi só por isso. Queria ouvir a tua voz.
N: Hum, parece-me, então, que começo a conhecer-te. – afirma Nicole.
G: E isso era o melhor que me podias dizer – e sorri. Bem... queres combinar algo para logo ou... Já tens planos? ... – A voz treme-lhe. Sente que é ali que vai descobrir se esta história pode ou não avançar. Por momentos, foi como se rezasse mentalmente.
N: Agora surpreendeste-me com essa pergunta... Não sabes a minha resposta?
G: Gostava de ouvi-la da tua boca... - a esperança aumentava no seu peito, mas a voz continuava tremida.
N: É impressão minha, ou estás com medo da minha resposta? – Nicole queria que aquela tensão toda que se sobrepunha sobre ele,terminasse.
G: Confesso, estou –  e solta um riso nervoso. É como se, mentalmente, estivesse a rezar para me dizeres que não tens planos – diz, numa voz mais calma, mais com um tom de gozo.
N: Pois, lamento, mas já tenho planos... - na verdade, Nicole não tinha. Ou melhor, na sua mente, tinha. Estar com ele.
G: " Ah… Ok... Parece que as minhas preces não foram ouvidas – A voz de Gustavo continuava calma, mas com um travo a desilusão pelo meio.
N: Meu amor... Estou a brincar. Hum... Boa. "Meu amor" ? Soou estranho. – Por momentos, arrependeu-se daquilo que dissera... Mas continuou. O plano que tenho é estar contigo. Estás disponível?
G: As palavras que saíram da boca de Nicole ecoaram na sua mente: "meu amor"… Que quereria aquilo dizer? – A sério? Não quero que desmarques nada... Sim, eu estou disponível, mas se não puderes… Fica para depois. – Até a si próprio lhe soou falso.
N: Hum, estás a cortar-te? - naquele momento, ela não sabia que dizer. Estava ele a descartar-se, ou a tentar chamar a minha atenção?
G: Estou a dizer-te que fazes o que quiseres…  - posto isto, Gustavo começou a pensar se não estaria ele a ser muito duro.
N: Hey, calma. Eu disse que tinha planos, mas era contigo. Não percebeste essa parte? – Nicole só pensava no que poderia estar a acontecer naquele momento.
G: Desculpa. Sim, percebi… Como queres fazer?
N: Queres encontrar-te em algum sítio, queres que vá ter aí a casa, ou vens tu ter comigo?
G: Vou buscar-te, que achas?
N: Acho óptimo! Sabes onde fica?
G: Sim, sei. É perto do café onde nos conhecemos – e sorri. E pensa onde queres ir, porque este encontro fica por tua conta! E bem, já que não estás aqui, tenho de ir tomar banho, sozinho... – estaria Gustavo a abusar? Não queria saber! Até logo, meu amor.
N: Sim, aí mesmo, ahah. Ui, acreditas nas minhas capacidades de escolha? Pois, já que não estou aí. Mas se estivesse... – Nicole fez silêncio. Queria provocá-lo. Queria fazer com que o encontro fosse mais do que isso, queria que se tornasse escaldante. Sabia bem aquilo que podia esperar!
G: Acredito, sim. Se estivesses... Provavelmente, eu não iria tomar banho agora. – O desejo começou a manifestar-se de novo. Ponderou em convidá-la, mas… algo o deteve. Ele sabia que dela podia esperar tudo. E ele, neste momento, também já estava disposto a fazer muito por aquele ser tão doce. Às 18h encontro-te. Um beijo – a sua voz soava calorosa e grave.
N: Ou então podias tomar... Mas não sozinho – Nicole pensara que ele fosse esperto o suficiente para a convidar, não para dizer que tomava banho depois! Mas estava tudo bem. Combinado, até já – desliga com pena, mas ansiosa por as horas passarem a voar.
Enquanto está no banho, todas as gotas de água que se aventuram pelo seu corpo lhe fazem lembrar dela. Em apenas um dia, já todo o seu mundo girava em torno dela. Deu por si a vestir-se muito depressa, a arranjar o cabelo (que por norma andava sempre eriçado) e a enfiar os braços num blazer discreto.
Não sabia onde aquele encontro o iria levar, mas, desta vez, tinha a certeza que iria correr tudo bem. Pegou na carteira, nas chaves e lançou-se até ao carro. Guiou até ao café junto à universidade e procurou o rosto dela entre a multidão. Ainda não estava. "Tenho tempo para me acalmar" - pensou.

O tempo que tinha de esperar para chegar perto de Gustavo, estava a chegar ao fim. Parecia até que estavam a tirar-lhe um nó da garganta. Depois de uma noite como aquela, e uma manhã tão... hum... bem passada, ela só podia estar ansiosa por estar de novo com ele. Mas as perguntas não a largavam. Ela não sabia se isto ia avançar, se ia recuar, ou se, simplesmente, parava. Mas não ia falar disto com ele, não ia mostrar a sua parte preocupada. Então decidiu levantar a cabeça e assim seguiu para a porta de saída do seu trabalho em part-time, e desceu as escadas um pouco apressada e, é claro que nervosa. Atrapalhou-se por entre ela própria, mas assim continou. Assim que chegou ao café e viu o carro dele estacionado à porta... – Cheguei tarde? - pergunta com um ar preocupado.

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