Stories.

as pseudo-escritoras

Duas raparigas que , ligadas por uma profunda amizade e por uma enorme paixão pela escrita, decidiram, involuntariamente, numa monótona e triste noite, escrever algo diferente, algo que as viciou. Algo que dura até hoje. Ana Campos & Nicole Morais (L)

sábado, 11 de junho de 2011

Capítulo III

Mas não. O tempo não parara. E, quando deu por ele, tinha-a na sua casa, na sua cozinha, apoiada na bancada com uma pose de deusa; ele não conseguia deixar de admirar toda aquela beleza. O "amanhã" chegara e Gustavo não sabia como reagir, agora que a noite mágica havia acabado.
Mas ela sente o olhar dele nas suas costas, deixa de contemplar a vista que a janela lhe traz e vira-se na sua direcção, sorri e ele, ainda embevecido, mas num tom calmo e meio inseguro, diz-lhe: Olá!
N: Ela aproxima-se dele, para que toda aquela insegurança desaparecesse. Afinal, aquilo que ambos tinham temido na noite anterior, não aconteceu. E, por isso, só havia razões para segurança. E era apenas isso que Nicole queria transmitir. Olá – e deita a língua de fora.
G: Gustavo agora tentava perceber o porquê de todo o seu nervosismo. Tinham passado a noite juntos. Tinham-se amado e, agora que um novo dia começara, continuavam juntos. Percebeu a idiotice que lhe ia na cabeça e abanou-a, numa tentativa de afastar os pensamentos negativos. Olhou-a nos olhos e viu o fogo do seu olhar reflectido no olhar dela: Estás bem? – Abraça-a e beija-lhe o cabelo.
N: Ela não percebia bem a sua reacção. Chegou a pensar que estaria arrependido... – Eu estou, aqui contigo, sim! E tu?
G: Ele notou algo de diferente nela; por momentos, o tal fogo no seu olhar havia desaparecido… - Sim, estou bem. Diz-me uma coisa…
N: Claro, tudo o que quiseres...
G: Estás arrependida?...
N: Eu não, nada. Mas tu pareces estar. Passa-se alguma coisa? Eu sei que, se calhar, foi precipitado, tendo em conta que nos conhecemos ontem; mas como tu me disseste "tudo o que fizer esta noite, foi porque quis", e eu reagi assim, fiz porque quis, porque senti, porque queria estar contigo.
G: Não, não estou nada arrependido! Dei-te essa ideia? Desculpa. Não estou, mas é tudo tão bom e tão surreal ao mesmo tempo…
N: Ao mesmo tempo, parece mentira, é isso? Se não quiseres estar comigo, diz, eu vou-me embora...
G: Ele sentiu os seus olhos a abrirem demasiado; não podia acreditar que ela estava a pensar aquilo, muito menos que o estava a dizer. Parece mentira, sim, mas é por ter sido tão bom! – Agarra-lhe as mãos, como fizera na noite anterior, à beira-rio, e olha-a nos olhos: Eu quero estar contigo! Ainda não percebeste isso?! O meu medo do "amanhã" era medo de te perder o rasto, de nunca mais te ver…
N: Mas eu assegurei-te que não me perdias. Que bastava quereres, e eu estava contigo. Achas mesmo que foi por acaso? Volto a repetir que não foi! Aliás, o nosso "acaso" fez-me bastante bem. E fez-me ainda melhor ter feito o que te disse: arriscar! Arriscar contigo fez-me sentir de novo viva, e eu, neste momento, não quero saber de mais nada. – Agarra-o no braço, conduzindo-o para o sofá que está colocado perto à janela. – Chega aqui. – Disse ela, encostando-se a ele. – Não sei muito sobre ti. Mas sei que isso é só agora pois, se quisermos realmente conhecermo-nos e passar do "acaso", eu ficarei a saber tudo de ti, ou pelo menos, aquilo que me quiseres contar.
G: Não, não me conheces mesmo. Nem eu a ti. Mas sei que tudo o que me dizes, o que me contas, é sentido e verdadeiro; vejo-o nos teus olhos, sinto-o no teu toque. Ouve – diz-lhe, enquanto se chega mais a ela, de modo a poder olhá-la nos olhos – eu sou um homem de muitas conquistas. Mas juro, juro por tudo, que tu foste diferente. Nunca fiz com outra mulher o que fiz contigo. Nunca desejei tanto outra mulher! Só te peço que fiques comigo…
N: Sim, claro que é verdadeiro. Mais uma vez, como tu disseste, "não estou aqui para isso", para mentir. Fui diferente porquê? Se calhar conhecias melhor as outras mulheres com quem estiveste, do que me conheces a mim... Em que é que me tornei diferente? – Ao mesmo tempo que lhe faz estas perguntas todas, sabe que ele está a ser sincero. Mas pensou "nada como testá-lo”.
G: Porque eu podia não te conhecer bem mas, assim que te vi, o teu olhar mostrou-me algo de diferente. Já te disse isso… E contigo experimentei sensações que não sabia que existiam. Nunca outra mulher me deixou tão nervoso... – E, aquando disto, dá uma risada nervosa e sorri inocentemente.
N: Que sensações? – Perguntou ela envergonhada. A tua timidez está a voltar? – E beija-lhe a testa, em sinal de o acalmar.
G: O suave beijo na testa resulta. Ele acalma-se, respira fundo e, com a tal voz quase em forma de sussurro, diz-lhe: - Fizeste-me ver que nada acontece por acaso e que a vida tem de ser aproveitada. Fizeste-me voltar a viver como se fosse a primeira vez para tudo! E sim, a minha timidez está a voltar, e é porque tu estás demasiado perto de mim… - Brinca.
N: Então e que tal aproveitares essa tal vida? – Enquanto diz isto, está ela a chegar-se para cima dele, obrigando-o a deitar-se. E não gostas dessa proximidade?
G: Queres que a aproveite? E de que maneira? – Gustavo deixa-a subir para cima dele, deixando os seus corpos perfeitamente encaixados, como se tivessem sido feitos um para o outro. E em relação à proximidade… peço-te que descubras. – E pisca-lhe o olho. 
N: Da maneira que mais te fizer feliz, e te apetecer! Não achas que é a melhor maneira de o fazeres? Queres que descubra? Como? – E começa a acariciá-lo com leves beijos, por todo o corpo, enquanto anseia pela sua resposta. 
G: Sim, acho. E, neste momento, a melhor maneira de o fazer é estando contigo – Gustavo começa a alinhar nas carícias, nos beijos, e diz-lhe: - E é desta maneira que quero que descubras!
N: Então não precisas de ter pressas porque, no que depender de mim, estarei aqui o tempo que quiseres. – Suspira, e com uma voz cheia de desejo, diz: - Humm, começo a gostar desta ideia de descobrir se gostas da nossa proximidade. – Assim que as suas palavras terminam, Nicole dá por si a descartar-se da roupa vestida. Bem, roupa não diria, mas uma bela camisa que ele lhe emprestara.

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