Stories.

as pseudo-escritoras

Duas raparigas que , ligadas por uma profunda amizade e por uma enorme paixão pela escrita, decidiram, involuntariamente, numa monótona e triste noite, escrever algo diferente, algo que as viciou. Algo que dura até hoje. Ana Campos & Nicole Morais (L)

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Capítulo II (Parte III)

G: Então... Bah, odeio falar de mim. Sou o Gustavo, tenho 21 anos, estou no segundo ano de Jornalismo e cheguei há um mês de Nova Iorque.
N: A sério? – Pergunta Nicole espantada. Mas estiveste lá de passagem, de férias?...
G: Ganhei uma bolsa na faculdade para um trabalho numa revista de Nova Iorque. – afirma Gustavo, sorridente.
N: Uau, isso é muito bom!
G: Sim, foi extraordinário! E estou a pensar em voltar... Quer dizer, ainda não sei, estou confuso.
N: Confuso, porquê?
G: Porque aquilo lá é diferente… Não é o meu mundo, percebes? É um mundo à parte. Podias dar-me razões para ponderar em ficar… - e tenta agarrar-lhe a mão, ao mesmo tempo que lhe pisca o olho.
N: Sim, é sempre diferente daquilo a que estamos habituados... Eu? – pergunta envergonhada e deixa que ele agarre a sua mão.
G: Sim, tu. Podias mostrar-me que este mundo, bem perto do meu, ainda tem algo para me mostrar… - e ele, ao aperceber-se, volta a retirar a mão, embaraçado e sem saber como a conversa chegou a este ponto e porque se sente assim tão perturbado cada vez que os seus dedos se tocam.
N: Então e como é que eu poderia fazer isso? Alguma ideia?...
G: Não, não sei... Quer dizer, acho que já fiz demasiado…
N: Achas que já fizeste demasiado? Como assim?
G: Estou farto de te agarrar na mão… E depois fujo... Oh, nem sei porquê.
N: Não precisas de ter medo, eu não mordo. – e agarra a mão de Gustavo.
G: Eu sei que não. – entrelaça os dedos nos dela e fica em silêncio, observando as feições dela.
N: Vês, não faço nada. – e deita a língua de fora. Uma observação: o toque das tuas mãos é fascinante! – observa, Nicole, com um certo brilho no olhar.
G: Ainda bem. Gostava de ir inteiro para casa. – brinca. É fascinante porquê? Já reparaste que estão a tremer? – e ri.
N: E vais. Podes não ir em condições, mas magoado não te deixava ir, ahah. Quase não sinto, acho que esse nervosismo é só interior. – tenta tranquilizá-lo. Agora a sério, gosto mesmo!
G: Posso não ir em condições? Tencionas fazer o quê comigo? Salvo seja, claro. – com isto, deita a língua de fora e continua a falar. É interior, sim; eu disse-te que estava nervoso. Ainda bem q gostas; podia ficar a noite toda assim. – e aperta a mão dela com um carinho estrondoso.
N: Hum, não sei... Queres que faça alguma coisa? Também não me importava de assim continuar. – sorri.
G: Não te vou dizer para fazeres nada. Faz o que quiseres. Deixa o barulho das ondas libertar a tua alma e faz o que quiseres. Então… podemos continuar assim…
N: Uau, que frase de filósofo. – sorri Nicole. Estou a adorar, podes continuar! – com um certo tom já meio rosado nas suas maçãs de rosto, Nicole deixa-se então levar pelo ambiente e aperta um pouco a mão de Gustavo.
G: Eu sou jornalista, isto está-me no sangue. – aproxima-se mais dela e olha-a nos olhos.
N: Começas, então, a ganhar pontos. Porque é que me olhas assim? – pergunta, envergonhada.
G: Pensava que já tinha começado há mais tempo. Não sei, porque… há qualquer coisa nos teus olhos… - diz, sorrindo.
N: Também, também , ahah. Qualquer coisa? Em que sentido?
G: Não sei... Faz-me querer saber mais sobre ti, faz-me querer conhecer-te ainda mais...
N: Nada como experimentar... – desafia-o.
G: E, para isso, que tal sairmos daqui e irmos para outro sítio? – propõe Gustavo.
N: Concordo!
G: Então vamos. Queres ir a algum sítio em especial?
N: Não sei... Por mim podes ser tu a escolher. Já sei que tens um bom gosto, fiquei encantada com o restaurante. Por isso... Força, leva-me onde quiseres.
G: Posso levar-te a um barzinho, também aqui perto do rio?
N: Claro. Acho que melhor é impossível...
G: Então vamos. É aqui perto, não precisamos do carro. – e dá-lhe o braço.
N: Ah, está bem. – aproveita a deixa e enrosca-se no corpo dele.
G: Tens frio? – pergunta Gustavo. Com isto, começa a despir o blazer preto que trazia vestido.
N: Um pouco. Como estamos tão perto do rio, penso que é natural... Vá, e para não te deixar mal, também estou um pouco nervosa. Obrigada. – diz, sorridente.
G: Estás nervosa porquê? Está tudo a correr tão bem! Ou será que não?... De nada! – e abraça-a.
N: Oh, sim, claro que está. Não é por isso! Eu sou mesmo assim. Além disso, sinto-me confortável assim, entre os teus braços. – aproveita o facto de ser mais pequena que ele e, sem se descolar do seu corpo, olha para ele, elevando um pouco o rosto, e fazendo um sorriso envergonhado. Faz-me sentir segura
G: Hum, estás a dizer-me que és tímida? – e solta uns quantos risinhos. Houve ali uma altura, no restaurante, que não pareceu. – brinca. Sentes-te segura entre os meus braços, comigo? Com um homem que acabaste de conhecer? Porque é q estás a confiar tanto em mim? Não devias. Nós não nos conhecemos, tu não me conheces, eu não te conheço, não devia estar a sentir isto, não devia...
Com isto, apoderou-se um silêncio naquele momento, que durou uns minutos. Nicole franzia a testa, sem perceber o que tinha acabado de acontecer, e o porquê de o tom e o discurso de Gustavo ter mudado tão repentinamente. Até que este quebra o silêncio.

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